Luiz Antonio Leite de Moura, mais conhecido como Madalena, tornou-se a primeira travesti eleita vereadora na história da cidade.
Quase um personagem folclórico para os piracicabanos. Madalena – que sempre chamou atenção por andar pelas ruas usando roupas e acessórios femininos – recebeu 3.035 votos e teve o segundo melhor desempenho do PSDB no pleito. Para evitar que sua futura função se confunda com a imagem irreverente e quase caricata, a parlamentar – que foi líder comunitária por 25 anos – decidiu trocar as roupas femininas pelo terno e gravata na posse.
Madalena trabalhou desde a adolescência como cozinheira e faxineira em casas de família e repartições públicas. Como líder social, é presidente do centro comunitário do bairro Boa Esperança e já foi candidata a vereadora seis vezes (1988, 1992, 1994, 2004, 2008, 2012), mas só nesse mandato obteve votos suficientes para se eleger. Madalena ficou famosa em Piracicaba pela irreverência e pelo visual: um homem negro de corpo esguio com quase 1,80 metro de altura, que usa roupas femininas há 40 anos.
Ela contou que o nome de batismo foi substituído por Madalena quando tinha 15 anos, já assumido como homossexual:
“Eu trabalhava de faxineira com a minha mãe em uma republica chamada Canecão, e os moradores fizeram um concurso para escolher um nome de mulher pra mim. Aí ganhou Madalena. Eu gostei e ficou o nome."
Travesti, gay, homossexual, ele ou ela. Muitos tem duvidas sobre como se referir a Madalena, que não escolhe nenhuma das etiquetas.
“Para mim tanto faz a maneira como me chamam. Quando eu me olho no espelho, vejo um homem de muita coragem. Vou usar terno e gravata na posse e quando precisar durante as reuniões. Mas vou continuar a ser a mesma Madalena de sempre”.