Nascido em Itu em 04/10/1841 e falecido em Piracicaba 03/12/1902. Presidente da República (1894-1898), governador de São Paulo (1889-90), senador (1890-94). Advogado. Filho do lavrador e tropeiro José Marcelino de Barros, que tinha um sitio perto de Itu, onde Prudente nasceu, e de Catarina Maria de Moraes. A mãe casou-se pela segunda vez com José Gomes Carneiro. C.c. Adelaide Bemvinda de Moraes Barros, filha do seu padrinho Antonio José da Silva Gordo. Filhos: Antonio Prudente, Carlota, Gustavo, Julia, Maria Amélia, Paula, Prudente.
Teve ainda duas filhas, Maria Teresa e Maria Jovita, que faleceram quando menores, e um filho natura,, José, nascido de uma ligação na mocidade, que ele e a esposa criaram como filho do casal desde os três anos de idade. Irmão de Manoel de Moraes Barros, Prudente teve outros cinco irmãos, todos nascidos antes dele.
Aos dois anos perdeu o pai assassinado por um escravo. A mãe o alfabetizou e ele estudou no colégio Ituano e no colégio Manuel Estanislau Delgado. Após cursar a Faculdade de Direito de São Paulo, mudou-se para Constituição, onde passou a advogar e se casou. Sua carreira política começou quando foi eleito vereador e presidente da municipalidade piracicabana. Pertenceu ao partido Liberal, mas ingressou no partido Republicano em 1876. Foi Deputado provincial nos períodos 1878-79, 1881-82 e 1888-89, e deputado geral em 1885-86.
Em 1889 fez parte da Junta Governativa de São Paulo, ao ser instaurada a Republica, e em seguida tornou-se o primeiro governador republicano paulista. No senado de 1890 a 1894, foi seu vice-presidente e presidiu o Congresso Constituinte de 1890-91. Disputou pela primeira vez a presidência da republica com Deodoro da Fonseca, sendo derrotado por este, por 122 a 95 votos, mas saiu vitorioso por ocasião da sucessão de Floriano Peixoto, quando se tornou o primeiro presidente civil do pais. Retornou a Piracicaba no dia 19/11, em meio a expressivas aclamações populares.
Na passagem pela capital paulista, foram suas estas palavras: “Volto hoje para o meio de vós, trazendo na minha fisionomia, nos meus cabelos brancos, o atestado de que, se não fiz todo o bem que desejava, fiz quando me permitiram as circunstancias, dei tudo pela Pátria e pela Republica... se ainda puder fazer alguma coisa por ela, ficai certos de que não sou um egoísta; darei os meus últimos instantes de vida pela pátria e pela republica!”. A 23/11 Piracicaba o acolheu de volta, em trem especial, na estação Ituana.
Saudou-o João Sampaio: “Como a Pátria inteira, eu acompanhei com interesse toda a trajetória luminosa de vosso governo de justiça e honestidade: vi cintilar com mais brilho a vossa estrela, triunfando sobre os mercadores da honra nacional”. Reabriu o escritório de advogado na cidade, convidando seu genro João Sampaio para associado, e retomou as atividades profissionais. “De 1898 a 1902 viveu tranqüila e modestamente em Piracicaba, com a simplicidade dos grandes homens, advogando em sua casa, à rua Santo Antonio”.
Na sua atuação como político e homem de governo, são inumeráveis as iniciativas, propostas, medidas, colaborações e manifestações que refletem tanto o brilho da sua inteligência invulgar como a sua serenidade e coragem e o seu altíssimo senso cívico, aliados a grande tino e firmeza. Foi um dos que empunharam a bandeira abolicionista nos debates parlamentares, referindo-se à escravatura como “instituição que nos envergonha perante o mundo civilizado” e afirmando sem titubear que era necessário eliminar o escravo e colocar no seu lugar trabalhador livre.
Participou da defesa dos imigrantes vitimas da violência policial em Piracicaba, sendo um dos fundadores da Associação Protetora das Vitimas da ilegalidade Policial em 1888. Em sua gestão presidencial, iniciou as negociações que possibilitaram a consolidação das dividas com a Inglaterra numa única divida, que abriu o caminho para o saneamento das finanças do país. Conseguiu a pacificação do Rio Grande do Sul e garantiu a posso definitiva da ilha Trindade para o Brasil, fazendo com que o governo britânico reconhecesse em 1896 a legitimidade da nossa soberania.
Enfrentou a revolta de Canudos. Em 1897 foi vitima de um atentado arquitetado por seus inimigos políticos e conspiradores, no qual perdeu a vida o ministro de guerra, Marechal Carlos Machado Bittencourt. “Foi um dos mais ardorosos defensores da autonomia municipal, da federação política, das idéias republicanas e dos interesses da política do café... assegurou o controle do governo da republica pelos civis, explorando com precaução e habilidade as dissensões internas das Forças Armadas... teve que enfrentar vários focos de oposição herdados do governo anterior e protagonizados pelo Exercito, funcionalismo público e governadores de estado”, segundo Souza. Este assinala que, “homem reservado, de pouca prosa”, desde os tempos de vereança em Piracicaba, Prudente de Moraes “fugia das reuniões festivas ou muito formais”.
Padecendo de tuberculose, faleceu em sua residência, cercado dos familiares, e foi sepultado numa tarde tempestuosa no cemitério da saudade. Pouco antes de morrer, disse que desejava que a sua sepultura fosse “assinalada apenas por uma pedra, tendo como inscrição seu nome e as datas do nascimento e morte”.
A casa da rua Santo Antonio em que viveu, na esquina com a rua Treze de Maio, é hoje sede do Museu Prudente de Moraes, inaugurado em 1957. Contêm no seu acervo objetos de uso pessoal, documentos, fotografias, pinturas. Piracicaba deve a Prudente não poucos benefícios, entre os quais a lei nº21, de 13/04/1877, que fez com que a cidade deixasse de ser Constituição e recuperasse o antigo nome.
“Prudente viveu a maior parte da vida nesta Piracicaba, para onde veio sua mãe Catarina Maria, depois do segundo casamento. Foi aqui que ele ergueu sua casa, nasceram seus filhos, construiu sua vida profissional e política e onde ele desejava morrer e ficar enterrado”.
Passou a chamar-se Prudente de Moraes uma rua da cidade, que no passado mais distante, teve varias denominações: rua dos Pescadores, rua do Concelho, rua da Ponte Velha. Seu nome foi igualmente atribuído a um tradicional estabelecimento de ensino, a Escola Estadual Dr. Prudente de Moraes, à Praça General Carlos M. Bittencourt.
Em 1974 foi instituída a Medalha de Mérito Prudente de Moraes, destinada a cultuar sua memória e que vem sendo atribuída anualmente a personalidades de destaque desde então.